ENTENDA A IMPORTÂNCIA DO MÉDICO CARDIOLOGISTA NO EXERCÍCIO E NO ESPORTE
Praticar esportes e estar ativo fisicamente traz inúmeros benefícios para a saúde física e mental, previne diversas doenças, promove o bem-estar e aumenta a disposição.
Para podermos tirar um proveito integral da vida, é necessário estar saudável. Mas, ainda sim, existem condições que deve-se ter cautela ao se praticar exercícios, ou mesmo situações na qual temos que saber dosar melhor as intensidades.
A Cardiologia do Esporte vem surgindo como uma nova área de atuação, com desenvolvimento e organização recente. As principais sociedades de cardiologia do mundo já dispõem de grupos específicos que atuam com foco nessa especialidade.
Muitas trabalham em conjunto com outras organizações envolvidas com exercício e com o esporte, como a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), a Associação Americana do Coração (AHA) e o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) que desenvolvem artigos e diretrizes nesse campo.
O foco está sempre na melhor orientação e individualização para a prática de atividade física, seja para o sedentário ou para o atleta profissional ou amador. Buscam-se cada vez mais decisões compartilhadas em conjunto com a equipe médica e demais profissionais da saúde (educadores físicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos).
Devemos considerar também o fator psicológico, social e econômico que aquela prática do esporte significa para cada um.
E QUAIS CONHECIMENTOS SÃO EXIGIDOS DESSA ESPECIALIDADE?
Um especialista que se dedica a esta área deve agregar amplos conhecimentos no campo da cardiologia e no campo da medicina esportiva, dentre eles:
- Triagem de esportistas para participação competitiva (Avaliação Pré Participação);
- Conhecer exames de imagem cardiovascular e seus achados em atletas (ecocardiograma, cintilografia miocárdica, tomografia de coronária, escore de cálcio);
- Alterações e adaptações do eletrocardiograma e da eletrofisiologia do atleta;
- Identificação de risco de doenças genéticas potencialmente fatais – evitar casos de morte súbita cardíaca;
- Performance esportiva;
- Prescrição individualizada por métodos específicos (ergoespirometria);
- Risco de doença coronariana e cuidados com atletas/esportistas master (>35 anos);
- Diferenciação entre “coração do atleta” e cardiopatia (coração com alteração patológica);
- Suplementação esportiva individualizada e comprovada versus dopping;
- Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica.
Com isso, é capaz de interagir como parte de uma equipe ou de um grupo que cuide de forma interdisciplinar do esportista, formando o que hoje chamamos de “time do atleta” (Athlete’s’ Team).
Fornece segurança, ajudando a prevenir potenciais riscos, identificando o melhor retorno às atividades esportivas em caso de problemas de saúde cardiovascular, reabilitando o esportista, bem como atuando na melhora da performance, utilizando ferramentas especializadas para prescrição individual e monitoramento do desenvolvimento cardiovascular e metabólico do atleta.
“CORAÇÃO DO ATLETA” – Já ouviu falar?
Essa definição surgiu após a identificação e o conhecimento que o coração como um músculo se adaptava e podia até modificar seu tamanho e função quando era submetido a grandes volumes e/ou intensidade de exercício. Notadamente observado em atletas, e, por isso, esse nome.
Essas mudanças provocam dilatação das câmaras do coração e alterações nas suas funções elétricas, podendo estar presente inúmeros achados ao eletrocardiograma (ECG) ou ao ecocardiograma.
Daí entra a importância de um especialista que conheça essas possíveis alterações para poder acompanhar e orientar de forma que não prejudique o esportista ou atleta na sua prática, mas também que não o deixe em risco.
Os esportes podem ser classificados pela sua capacidade de utilizar o potencial cardiovascular (componente dinâmico) ou o potencial muscular periférico (componente estático / força) e, conhecendo qual componente é mais atuante, as mudanças podem ser melhor monitorizadas e avaliadas.
Exemplos de esporte de alto componente dinâmico:
- Corridas de longa distância;
- Futebol;
- Remo / Canoagem;
- Triathlon.
Exemplos de alto componente estático (força):
- Escalada de montanha;
- Levantamento de peso olímpico (LPO);
- Modalidades de Vela.
SEGURANÇA E PERFORMANCE
Esse é um dos desafios e um dos focos que quem acompanha pessoas que buscam se superar na sua rotina de exercício e no seu esporte. Cada vez mais vemos surgir grupos de corrida, de ciclismo, triatlo, remo, crossfit, dentre outros e, em sua grande maioria são formados por pessoas que não vivem dessas atividades, mas as fazem em paralelo com suas rotinas de trabalho, cuidados da família, da casa ou filhos.
São exemplos pela garra e determinação por manterem uma rotina de exercício regular (cerca de 60-70% dos brasileiros não atingem as recomendações mínimas de exercício), e ainda se dedicarem a atingir metas e recordes pessoais, melhorar seu pace em corridas, completar um wod com melhores cargas ou tempo no crossfit, conquistar um maratona ou completar uma prova de triatlo.
Só lembrando que toda essa entrega, esse empenho de atleta precisa de cuidados que um bom atleta cultiva: alimentação bem balanceada, sono de qualidade e acompanhamento adequado de bons profissionais da saúde.
Por outro lado, temos uma grande parcela da população que não consegue manter uma rotina regular de atividade física. Que já iniciaram e interromperam por diversas vezes uma academia ou um esporte, mas que entendem que é importante o esforço para incorporar essa prática no seu dia-a-dia. Uma avaliação médica na cardiologia esportiva, de forma direcionada e com individualização, é capaz de otimizar esses primeiros passos, definindo a melhor relação entre dose – resposta para que comece a usufruir dos benefícios do exercício, tanto para saúde cardiovascular, quanto para melhora da composição corporal, perda de peso.